terça-feira, 20 de março de 2012

Basta estar atento


"Mister Booba-Looba is challenging the call. The ball was called out." 


Você jamais vai ouvir esta chamada na quadra da pracinha, tennis lover.

Mas, certamente, vai se deparar com conflitos provocados por marcações consideradas duvidosas por alguém durante os jogos. Isto é inerente às partidas amadoras onde todos são juízes e ninguém é o juiz.

Razão demais, razão de menos


Os pontos que deixam dúvidas são aqueles que dependem de, pelos menos, três fatores fundamentais para suas marcações.

1º - Visão: o jogador precisa enxergar bem, a capacidade visual tem que estar boa o suficiente para isso. Acha isso óbvio demais, TL? Então por que torcer a cara quando aquele parceiro que usa óculos vai jogar sem eles e canta a bola fora? Outro aspecto diz respeito ao posicionamento na quadra. Estar perto da bola pode oferecer um melhor ângulo para a marcação. Isso nem sempre é assim. Às vezes quem está perto do quique leva a passada e não tem tempo, mesmo que tenha ângulo, para decidir com soberania. Porém, estar junto à bola ainda é um critério forte para marcar com mais acerto. Quando a bola vai muito perto da linha e quem reclama está do lado oposto ao quique, pode ser induzido a crer que a bola foi boa, quando, na verdade, foi fora por muito pouco.

2º - Vontade: quem está disputando quer vencer. Isso gera um estímulo a mais para reivindicar para si qualquer vantagem possível quando pontos considerados duvidosos são marcados. Num jogo equilibrado, qualquer ponto pode fazer a diferença. Assim, aquele que se sente prejudicado por uma marcação, vai colocá-la sob suspeita. Esta vontade dá a este jogador a sensação de ter uma razão que não é somente sua, ela é compartilhada, pois todos em quadra se sentem da mesma forma, querem vencer e não vão dar pontos de graça para os adversários quando também acreditam estarem certos.

3º - Confiança: é preciso confiar nos companheiros em quadra, caso contrário, não haverá jamais o sentimento de honestidade durante o jogo. Este detalhe é delicado, entra na área do caráter e dos julgamentos. Salvo raríssimas exceções, os jogadores entram na cancha desarmados de qualquer intenção desonesta. Não estão pré-dispostos a se aproveitar das marcações de pontos para vencer. O início do jogo sela um acordo tácito de confiança mútua e respeito entre todos. Acordo este que pode ser quebrado por motivos que valham. Caso contrário, duvidar de qualquer marcação de ponto sugere que aquele que protesta não confia o suficiente em seus companheiros de jogo. Situações assim podem gerar desconforto em quem está sendo contestado uma vez que pode ferir sua honra, configurando uma injúria e também uma difamação.






É apenas um jogo de tênis? Sim. Mas para a quadra vão pessoas que naquele momento são jogadores de tênis e as relações do esporte repetem as do cotidiano. O tênis é pedagógico, basta estar atento.



Dentro, fora


Quando há marcações de pontos que sejam realmente duvidosas, é preciso avaliar rapidamente:
- o ângulo de visão de quem marca e quem contesta;
- se a vontade de vencer não está estimulando a reivindicar além do razoável;
- se a confiança nos companheiros está acima de suspeitas infundadas.

Depois de tudo isso, erros de marcação ainda vão ocorrer.
Mas eles serão intencionais?

É o componente ético do jogo na pracinha.

E os tenistas, cordiais que são, saberão tratar com educação suas contendas.

fotos: BBC Sport
Getty Images
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