quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Entrevista com um ex-vampiro

Tem um companheiro nosso que anda meio sumido das quadras, tennis lover.

E muito se tem especulado sobre as razões, já que o cara praticamente batia ponto no saibrinho com a turma.

Para saber, resolvi conversar com ele, que autorizou botar esse papo aqui no blog, já que pode servir de reflexão para pessoas em outros lugares onde o Tênis de Rua é lido.

TR - O que afastou você da quadra? 

- Um cansaço acumulado. Físico, mas principalmente mental e emocional. 

TR - Como assim?

- Eu vinha jogando quase que diariamente há 1 ano e 9 meses. Isto desgastou um pouco o físico e eu precisava parar. Os jogos eram sempre com os mesmos companheiros, praticamente. Foi ficando previsível, rotineiro, perdendo um pouco da graça, até porque o comportamento repetitivo em algumas coisas foi ficando desagradável. 

TR - É o cansaço emocional... Mas o que houve de concreto?

- Sim. Certas coisas que, sendo insistentes, não ficaram e não ficam bem. Por exemplo, falar mal de um colega presente ou ausente, julgar com precipitação seu modo de agir, mordacidade constante em comentários, excessos de vaidades, agressividade, isolamento de um ou outro que age diferente ou pensa de outra maneira ou não joga tão bem quanto os mais competitivos. Isto tudo foi deixando o dia a dia estranho e ir jogar foi ficando sem aquela alegria de antes.

TR - Mas você não acha que isto é normal entre amigos, ainda mais adultos e no meio esportivo, esta jocosidade às vezes mordaz? 

 - Claro que sim! É normal. O que não é normal, para mim, é ter se tornado insistente. E não estou dizendo que era comigo! Pelo contrário. Não me senti incomodado com algo dirigido a mim, especialmente.



TR - O que aconteceu, então?!

- Aconteceu que eu estava tomando parte em algo que eu não gosto muito. Não sou bem assim como eu andava. Não estava gostando de ser eu a participar de comentários, fofocas, juízos falsos, brincadeiras agressivas. Eu estava meio irritado com tudo e só percebi que a rotina jogando e estando no meio de certos comportamentos é que estava me deixando incômodo. Não sou um vampiro que se alimenta disso. Sou um ex-vampiro. Mas cada um faz o que quer, diz o que quer, vai onde quer. Eu gosto de todos os companheiros do tênis. O que eu não gosto é do que eu estava fazendo e resolvi dar um tempo para pensar e mudar. 



"...falam demais 
como primeiro esporte 
e colocam o tênis 
como segundo."




TR - Alguns pensam que você foi impedido de jogar... tipo, pela mulher... (risos)

- Cara, normal pensar isto. Especialmente quem já teve alguma experiência neste sentido. Não é o meu caso. Minha mulher é sensacional nesse negócio do tênis. E em outros também! (muitos risos) Ela é quem me botou pra jogar quando nos conhecemos. Foi comigo bater bola até eu conhecer parceiros para jogos. Acompanha o circuito comigo, vai jogar comigo quando pode. Nos torneios que joguei, ela estava lá e vai continuar estando. Ela mesma está estranhando eu estar mais em casa. Não foi ela quem me impediu de jogar. Fui eu mesmo. Mas, cada um cria sua fantasia. Se espalharam isto mais do que por brincadeira sem querer saber de mim as razões, então confirmam o que eu disse: falam demais como primeiro esporte e colocam o tênis como segundo. 

TR - O que você gostaria de dizer aos companheiros? 

- Nada em especial. Eles não tem muito o que fazer. Não pretendo que acreditem em mim, que concordem ou mudem comigo. Eu estou cuidando de coisas diferentes do tênis e posso voltar a jogar quando eu quiser. Se eles quiserem jogar comigo, ótimo. Por que eu quero jogar com eles. O que não quero e vou procurar não fazer é repetir comportamentos que acho inadequados eu ter em um grupo de amigos. Mas isto sou eu, somente eu. 

Aí está, tennis lover.

C´mon!

imagens: refricultural, istoegente