terça-feira, 29 de maio de 2012

Estava lá naquela hora

Agora que você já sabe que Rolando Garros se diz pronunciando o "s", outra coisa que você precisa ter na mente, tennis lover, é que aqui o Grand Slam do saibro é tratado de um modo particular.

As informações sobre o torneio estão espalhadas pelos sites de notícia, pelas emissoras de tv, jornais, revistas, rádios.

Os detalhes do Aberto da França, mesmo as notícias, as crônicas, as curiosidades, são de tenista para tenista.

Você lê aqui o que dificilmente leria por aí.

Como esta história.

J´aime Roland Garros


Guga tricampeão, deitado no centro da quadra Phillipe Chatrier, dentro do coração desenhado no saibro.

Foi uma declaração de amor pelo torneio, pelo tênis, que envolveu todos os amantes do esporte. Principalmente os brasileiros.

E um deles, amigo nosso, estava lá naquela hora.

Como aquela bola longa que, parecendo ir fora, belisca a linha e se torna uma winner improvável, ele chegou até Roland Garros contando com a sorte e conquistando mais do que esperava.

E foi assim, de Porto Alegre a Paris.

Minhas lembranças de Roland Garros 2001 (Leandro de Oliveira)


Os pulos de alegria solitários que dei durante uma madrugada qualquer no início de 2001 eram apenas prólogo de que viveria em 10 de junho daquele ano ao ver Guga definir o jogo contra Corretja e conquistar seu terceiro título em Roland Garros. 


Sim amigos, pois foi naquela noite que descobri que eu e um amigo, o Carlos, havíamos vencido a Gincana Premiada Guga Kuerten, promovida pelo bom e velho buscador "Cadê?" e que veríamos Roland Garros ao vivo! 


A festa foi enorme e lembro daquela noite como se fosse hoje: dois fanáticos por tênis que acompanhavam cada jogo do circuito numa euforia misturada com a incredulidade, falando ao telefone, sem acreditar na notícia de minutos antes. Se lembro bem daquele momento, é verdade que os 11 anos que se passaram desde então trataram de tirar da minha memória muitas das coisas que aconteceram naquela viagem. Para minha felicidade, aliás, pouco me lembro das visitas à Catedral de Notre-Dame, Torre Eiffel, Arco do Triunfo e do típico crepe francês que comi em plena Champs Elysees. 


Como poderia lembrar ainda hoje de cada um dos pequenos detalhes da bela Notre-Dame de Paris, seus vitrais, gárgulas, sua fachada? Não era para isso que eu estava lá! Estava lá para ver meus ídolos. 




Porque enquanto Guga jogava com Kafelnikov pelas quartas-de-final do torneio eu tive a feliz ideia de sair da frente do telão que transmitia o jogo dentro do complexo de Roland Garros e dar um pulinho nas quadras de treinamento. 








E lá eu vi Corretja, Agassi, Jelena Dokic batendo uma bolinha, assim como quem vê o delegado jogar com o Sr. Rui ou o Charles desfilar seu chapeuzinho nas quadras do Germânia! Não só vi como registrei na minha memória e no meu filme 35mm, iso 400, 36 fotos... aquele mesmo, comunzinho, que não se encontra mais em qualquer esquina. 










Mas o melhor ainda estava por vir!


Porque se não me lembro muito bem das lojas que compunham a Champs Elysees, de quantos metros ela tem de largura e de comprimento, não esqueço do momento em que coloquei as mãos no ingresso da final do torneio de Roland Garros de 2001! 


Foi um cambista indiano que nos permitiu que vivêssemos aquele momento histórico na França em 10/06/2001. E lembro como se fosse agora que juntei todo o dinheiro que tinha nos bolsos com  o que  o Carlos tinha para que saíssemos dali com os ingressos para a finalíssima. Não lembro se gastamos 100, 300, 500 ou 1000 Euros! 






Esses detalhes não estão mais na minha memória e não fazem a mínima diferença. O que sei é que certamente era muito dinheiro para um estagiário, mas pouco para assistir um capítulo que talvez não se repita no tênis brasileiro nos próximos 100 anos! 







E naquele momento, o jogo contra o Corretja, o coração desenhado no saibro, repetindo o gesto pós-jogo contra Russel, todos nós conhecemos. 





Se não foi exatamente assim que tudo aconteceu, o que importa é que é assim que está guardado na minha memória tudo o que vivi. É assim que contarei para meus filhos e meus netos. 


Vai contar, sim


Da mesma forma que nos contou, numa dessas manhãs em que batíamos uma bola. O Leandro estava com um boné de Roland Garros que chamou a atenção. Perguntamos sobre a peça e ele narrou a história agora aqui registrada, gentil e alegre como sempre, como o bom amigo que é desde que nos conhecemos jogando tênis.


fotos: Leandro de Oliveira
Ele é o criador do blog Turismo a Dois

Um comentário:

  1. Que momento! Parabéns ao amigo. Queria ter uma lembrança tão próxima assim do Guga também.

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